O saber a gente aprende com os mestres e com os livros. A sabedoria se aprende é coma vida e com os humildes.
Cora Coralina

terça-feira, 4 de março de 2014

A intervenção pedagógica do professor durante as atividades



Embora muitos especialistas e educadores defendam que a intervenção pedagógica não é apenas o que o professor faz durante as atividades, enquanto os alunos trabalham – mas também as decisões que toma antes e depois, em função do seu conhecimento sobre o que eles sabem e de suas observações sobre como procedem ao realizar as tarefas – trataremos a seguir especificamente da intervenção pedagógica do professor durante as atividades, o que inclui a consigna e as orientações gerais relacionadas à realização da tarefa proposta.

Algumas dessas orientações gerais implicam:

• informar os alunos sobre o que se pretende com a atividade, levando-os a perceber que estão fazendo algo que responde a um certo tipo de objetivo, e/ou de necessidade;
• preparar os alunos antes de toda e qualquer mudança ou novidade que for ocorrer em relação a: uso do tempo, organização do espaço, forma de agrupamento, utilização  dos materiais, propostas de atividade e demais aspectos que interferem nos resultados do trabalho pedagógico;
• apresentar as atividades de maneira a incentivar os alunos a darem o melhor de si mesmos e a acreditarem que sua contribuição é relevante para todos;
• criar um ambiente favorável à aprendizagem e ao desenvolvimento de auto conceito positivo e de confiança na própria capacidade de enfrentar desafios (por meio de situações em que eles, por exemplo, são incentivados a se colocar, a fazer perguntas, a comentar o que aprenderam etc.).

Se, por um lado, esse tipo de contexto geral de ensino e aprendizagem é necessário, por outro, não garante nem substitui a intervenção direta do professor enquanto os alunos trabalham. Esse é um momento privilegiado não só para avaliar a adequação das propostas à medida que elas se concretizam, na ação dos alunos, como para fazer colocações que respondem a suas necessidades de aprendizagem – é quando podemos oferecer informações, problematizar respostas ou procedimentos, orientar a ação etc. ( Ver mais nos vídeos utilizados no programa Profª onde há inúmeras situações em que se pode observar e analisar como os professores procedem durante a realização das atividades).

É importante considerar que a problematização é um dos mais relevantes tipos de intervenção, do ponto de vista pedagógico. Nesse tipo de situação, a atitude do professor é fundamental por três razões principais. Em primeiro lugar: se queremos que os alunos expressem seus procedimentos, opiniões e idéias, precisamos saber lidar com eles, especialmente quando estão equivocados. Não é possível pretender que façam as atividades da maneira que sabem e, ao mesmo tempo, corrigi-los sempre que erram; se isso ocorrer, com certeza deixarão de produzir, ou farão apenas aquilo de que tiverem certeza, para não passarem pelo desconforto de ter seu erro apontado.

Em segundo lugar, é preciso saber dosar o nível de desafio. Se acreditamos que
desafiador é aquilo que é difícil e possível ao mesmo tempo, temos que saber “o quanto o aluno agüenta” ser questionado; para tanto, é imprescindível identificar – e/ou inferir – os conhecimentos prévios que ele possui sobre o conteúdo trabalhado.

Em terceiro, não se deve perder de vista que a problematização é um procedimento que rompe com o contrato didático clássico, de uma proposta tradicional, no qual a regra é o professor perguntar para avaliar o que os alunos sabem, e não para ajudá-los a pensar. Se isso não estiver claro para os alunos, é possível que não compreendam as razões das perguntas, e que lidem mal com esse tipo de situação.

A intervenção direta do professor durante as atividades, evidentemente, é condição para que os alunos avancem em seus conhecimentos. Entretanto, também a atividade proposta deve ser, em si, portadora de desafios; deve colocar um problema real de forma que, para tentar solucioná-lo, os alunos mobilizem tudo que já sabem sobre aquele conteúdo. Sendo assim, não basta que a atividade seja interessante: ela precisa favorecer a construção e a
utilização de conhecimentos. Quanto mais a atividade estiver adequada às necessidades de aprendizagem, e quanto mais criteriosamente planejados forem os agrupamentos, maiores serão as possibilidades de os alunos evoluírem em seu processo de alfabetização, mesmo se não puderem contar a todo instante com a intervenção direta do professor.
                                                                                      Programa de Formação de Professores Alfabetizadores      M2UET6                                                                                                                       

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