Embora muitos especialistas e educadores defendam
que a intervenção pedagógica não é apenas o que o professor faz durante as
atividades, enquanto os alunos trabalham – mas também as decisões que toma antes e depois, em função do seu conhecimento sobre o que eles sabem e de
suas observações sobre como procedem ao realizar as tarefas – trataremos a seguir
especificamente da intervenção pedagógica do professor durante as atividades, o
que inclui a consigna e as orientações gerais relacionadas à realização da
tarefa proposta.
Algumas dessas orientações gerais implicam:
•
informar os alunos sobre o que se pretende com a atividade, levando-os a
perceber que estão fazendo algo que responde a um certo tipo de objetivo, e/ou
de necessidade;
•
preparar os alunos antes de toda e qualquer mudança ou novidade que for ocorrer
em relação a: uso do tempo, organização do espaço, forma de agrupamento,
utilização dos materiais, propostas de
atividade e demais aspectos que interferem nos resultados do trabalho pedagógico;
•
apresentar as atividades de maneira a incentivar os alunos a darem o melhor de si mesmos e a acreditarem que sua contribuição é
relevante para todos;
• criar um ambiente favorável
à aprendizagem e ao desenvolvimento de auto conceito positivo e de confiança na
própria capacidade de enfrentar desafios (por meio de situações em que eles,
por exemplo, são incentivados a se colocar, a fazer perguntas, a comentar o que
aprenderam etc.).
Se, por um lado, esse tipo de contexto geral de
ensino e aprendizagem é necessário, por outro, não garante nem substitui a
intervenção direta do professor enquanto os alunos trabalham. Esse é um momento
privilegiado não só para avaliar a adequação das propostas à medida que elas se
concretizam, na ação dos alunos, como para fazer colocações que respondem a
suas necessidades de aprendizagem – é quando podemos oferecer informações,
problematizar respostas ou procedimentos, orientar a ação etc. ( Ver mais nos vídeos utilizados no programa Profª onde há
inúmeras situações em que se pode observar e analisar como os professores
procedem durante a realização das atividades).
É importante considerar que a problematização é um
dos mais relevantes tipos de intervenção, do ponto de vista pedagógico. Nesse
tipo de situação, a atitude do professor é fundamental por três razões
principais. Em primeiro lugar: se queremos que os alunos expressem seus
procedimentos, opiniões e idéias, precisamos saber lidar com eles,
especialmente quando estão equivocados. Não é possível pretender que façam as
atividades da maneira que sabem e, ao mesmo tempo, corrigi-los sempre que
erram; se isso ocorrer, com certeza deixarão de produzir, ou farão apenas
aquilo de que tiverem certeza, para não passarem pelo desconforto de ter seu
erro apontado.
Em segundo lugar, é preciso saber dosar o nível de
desafio. Se acreditamos que
desafiador é aquilo que é difícil e possível ao
mesmo tempo, temos que saber “o quanto o
aluno agüenta” ser questionado; para tanto, é imprescindível identificar –
e/ou inferir – os conhecimentos prévios que ele possui sobre o conteúdo
trabalhado.
Em terceiro, não se deve perder de vista que a
problematização é um procedimento que rompe com o contrato didático clássico,
de uma proposta tradicional, no qual a regra é o professor perguntar para
avaliar o que os alunos sabem, e não para ajudá-los a pensar. Se isso não
estiver claro para os alunos, é possível que não compreendam as razões das
perguntas, e que lidem mal com esse tipo de situação.
A intervenção direta do professor durante as
atividades, evidentemente, é condição para que os alunos avancem em seus
conhecimentos. Entretanto, também a atividade proposta deve ser, em si,
portadora de desafios; deve colocar um problema real de forma que, para tentar
solucioná-lo, os alunos mobilizem tudo que já sabem sobre aquele conteúdo.
Sendo assim, não basta que a atividade seja interessante: ela precisa favorecer
a construção e a
utilização de conhecimentos. Quanto mais a
atividade estiver adequada às necessidades de aprendizagem, e quanto mais
criteriosamente planejados forem os agrupamentos, maiores serão as
possibilidades de os alunos evoluírem em seu processo de alfabetização, mesmo
se não puderem contar a todo instante com a intervenção direta do professor.
Programa de Formação de Professores Alfabetizadores M2UET6
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