EXCERTO DO TEXTO ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS DAS EXPECTATIVAS DE
APRENDIZAGEM
KATIA LOMBA BRAKLING
A Produção de Autoria
Na produção
de autoria, conforme dissemos acima, o texto é original tanto no que se
refere ao conteúdo temático, quanto no que tange ao texto, em si.
Nesta atividade o aluno precisa produzir, portanto,
o conteúdo temático e organizá-lo em um texto coerente e coeso.
A produção de autoria, como se pode depreender, é
uma atividade muito mais complexa do que a reescrita: por envolver a produção
de conteúdo temático, não existe uma textualização a priori, que deve ser reproduzida. Tudo deve ser discutido,
organizado e produzido:
a)
qual o contexto de produção;
b)
qual o tema que será tratado (o que depende do
gênero do texto que se produzirá);
c)
de que maneira será tratado esse tema – se com
humor, seriedade, sarcasmo, ironia, leveza, poeticidade, literariedade,
dramaticidade, suspense, por exemplo;
d)
qual será o tipo de narrador e a perspectiva da
qual o tema será tratado, caso seja um texto literário;
e)
que episódios, fatos, acontecimentos
constituirão o texto, de que modo serão articulados e em torno de qual eixo
serão organizados (de temporalidade – com ou sem estabelecimento necessário de
relações de causalidade -, de relevância, por exemplo);
f)
qual o registro linguístico a ser utilizado
(literário, acadêmico, formal-institucional, legal/jurídico, jornalístico,
pessoal, informal mas não íntimo, pessoal e íntimo, informal com gíria
específica, entre outros);
g)
qual o estilo do texto (se bastante descritivo
ou não, por exemplo);
h)
a textualização, em si, com todos os aspectos
que envolve, fundamentalmente a manutenção da coerência e o estabelecimento de
coesão, selecionando mecanismos de coesão adequados às relações que se desejar
estabelecer entre os trechos do texto.
A produção de conteúdo temático nessas atividades
pode acontecer das duas maneiras fundamentais, citadas acima.
Produção de Parte de um Texto (autoria parcial)
Na escola também é possível organizar situações nas
quais os alunos tenham que produzir apenas parte de um texto.
Nestas, o texto é oferecido ao aluno apenas
parcialmente; sem o final, por exemplo, ou sem o início. Nesse caso, o aluno
produz o final – ou o início - sem conhecer o original. Planeja-se, portanto,
tanto o conteúdo temático, que deve ser coerente com o do texto-base, quanto o
texto, em si, que também deve manter coerência e coesão com o trecho anterior
(ou posterior) do texto.
A Organização Didática do Trabalho de Produção de Textos
O processo de produção de textos envolve
capacidades, procedimentos e comportamentos fundamentais,
todos relacionados diretamente às operações de produção discutidas acima, as
quais devem ser consideradas na organização didática das atividades.
O quadro a seguir apresenta uma análise dessas
operações em cada uma das modalidades didáticas referidas acima.
as operações de produção de textos nas
diferentes modalidades didáticas
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modalidade
didática
operação de
produção de texto
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reescrita
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Produção de autoria
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Produção de parte de um texto
(autoria parcial)
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Recuperação do conteúdo temático
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Recuperar, junto aos alunos, o conteúdo do
texto que será reescrito.
Registrar em uma lista os episódios, bem como
a ordem em que acontecem na história.
Essa lista orientará a planificação do texto.
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Apesar de o conteúdo temático da parte a ser
produzida não estar dado, é necessário recuperar a parte conhecida do texto,
pois será a referência para a produção, definindo entre as possibilidades de
criação, o que é possível, o que é coerente com o texto.
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Planejamento do conteúdo temático
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Criar o conteúdo temático, ou seja, inventar uma
história (no caso do gênero ser um conto, por exemplo).
No caso de um artigo expositivo, ao invés de
inventar uma história, evidentemente, o conteúdo será
pesquisado, fazendo-se anotações de estudo – ou organizando um mapa semântico
- as quais orientarão a planificação do texto.
No processo de planejamento, do conto (e textos
ficcionais em geral), levantar esquematicamente toda a trama, estabelecendo
as relações entre cada fato/episódio imaginado e cuidando da pertinência da
mesma – a trama - em relação ao gênero.
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Criar – ou pesquisar, dependendo do gênero - o
conteúdo temático, ou seja, inventar – ou estudar - o conteúdo do trecho do
texto que os alunos produzirão, o qual é desconhecido pelos alunos.
No caso de contos e textos ficcionais em geral,
levantar, esquematicamente, a trama, estabelecendo a coesão e a coerência
entre cada trecho e entre o trecho criado e o texto fonte.
No caso de textos organizados em gêneros de outras
esferas, organizar as informações esquematicamente, prevendo a coerência com
a parte conhecida do texto fonte.
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Planificação do texto
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Organizar um esquema de organização interna do
texto, prevendo a sequência dos trechos que serão redigidos e as relações que
serão estabelecidas entre eles.
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Organizar um esquema de organização interna do
trecho a ser escrito, prevendo a sequência dos trechos que serão redigidos e
a necessária coerência destes com o trecho conhecido do texto fonte.
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Textualização
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Redigir o texto, pautando-se pelo esquema de
planificação.
No processo de textualização:
a)
reler trechos já escritos, verificando a sua
pertinência e adequação gramatical, sintática e em relação ao contexto de
produção;
b)
depois da leitura, ajustar o texto, se
necessário;
c)
em função da leitura, planejar o texto
seguinte, decidindo quais informações serão retomadas – e de que maneira;
quais serão apresentadas e de que maneira.
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Revisão Final
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Retomar o texto e revisá-lo.
Esse processo deve ser iniciado pelo professor, que analisa os textos
dos alunos e identifica necessidades de aprendizagem representativas da
classe como um todo.
Em função dessas necessidades, o professor planeja uma discussão
coletiva sobre o aspecto identificado, oferecendo referências de adequação do
texto aos alunos, tanto em termos conceituais quanto procedimentais.
Depois da atividade coletiva, os alunos
revisam os textos produzidos (em duplas ou individualmente, de acordo com as
possibilidades dos alunos), sob orientação e acompanhamento do professor.
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Em todas as etapas:
usar as características do contexto de produção como critério de
adequação do texto e de tomada de decisão sobre recursos textuais a serem
utilizados.
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Na prática educativa a ordem de realização das operações podem – e devem
- orientar e organizar a ação do professor.